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Archive for junho \24\+00:00 2010

Socorro

“Socorro!
Não estou sentindo nada
Nem medo, nem calor, nem fogo
Não vai dar mais pra chorar
Nem pra rir…

Socorro!
Alguma alma mesmo que penada
Me empreste suas penas
Já não sinto amor, nem dor
Já não sinto nada…

Socorro!
Alguém me dê um coração
Que esse já não bate nem apanha
Por favor!
Uma emoção pequena, qualquer coisa!
Qualquer coisa que se sinta…
Tem tantos sentimentos
Deve ter algum que sirva”

Hoje, fez um dia lindo e eu estava de folga. Sai da aula e fui ate Kensington Gardens, um dos meus parques favoritos. Eu, minha camera e meu iPod –  companhias mais que suficientes. Estava ouvindo o album do Arnaldo Antunes que tem uma musica que eu adoro chamada ‘Socorro’, com a letra acima. E foi entao que lembrei o quanto gostava dessa musica por me sentir tao identificada nos ultimos 2 anos em Sao Paulo. Estava com sede de sentir algo, qualquer coisa, vivendo uma vida que estava longe de ser ruim, mas parecia sem cor, monotona, previsivel demais…sem emoções.

Lembrei nesse momento, que esse era um dos motivos que me faziam querer tanto viajar – queria que algo mudasse, independente do sentido. Mudou. Essa musica, ja nao eh mais a minha musica, ao menos nao agora. Aqui, em Londres, eu senti todas essas emocoes descritas. Morri de medo e parecia um gatinho acuado, dormindo encolhida na cama, virei uma manteiga derretida e choro a torto e direita, gargalho alto,  cai de amor a primeira vista, tive paixao platonica, raiva, felicidade, tristeza e mais paixoes. Parece tudo junto e ao mesmo tempo – mudando como o clima, do jeito que tem de ser. Ou como o Marc dizia, longe de casa, parece que a gente estah no Big Brother e tudo eh mais intenso, ateh mais dramatico. Talvez por isso seja mais facil ‘fall in love’.

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Algumas pessoas que diziam que ao visitar Barcelona ficaram com vontade de morar lah, pois eu senti o mesmo. Mais do que bonita, Barcelona eh gostosa. Cidade colorida como Gaudi, jovem, fiesteira e relaxante como sao as cidades costeiras, quente (estava 31 graus e ateh tomei um bronze), com arquitetura rustica como Barceloneta – antigo bairro de pescadores que hoje esta hiper valorizado por ser em frente a praia; gotica, como o bairro de mesmo nome com ruas extremamente estreitas e varandas com vasos de flores, mas tambem moderna devido ao pos-Olimpiadas 92.  

 A cidade parece ter o tamanho exato – grande o suficiente para sempre ter agito, e pequena o suficiente para voce se locomover de maneira rapida e facil – transporte publico de dar inveja em londrino. Diferente de Sao Paulo, Rio, Paris, e Londres que sao cidadonas (coisa que amo) e parecem te engolir na imensidao, Barcelona parece se ajeitar ao corpo como um camisa de alfaitaria – melhor, como um vestidinho fresco para o verao. Barcelona eh o jeito cool e caloroso brasileiro, com aquele algo mais de historia e cultura europeia.  

E o melhor de tudo: ha mar, amigos (a fofa da Mariana me esperou com plaquinha no aeroporto e me ciceronou com muito carinho), e comida deliciosa e barata. Devo ter engordado 3 quilos pelo menos. Achei que eu era um camelo e que fosse possivel armazenar comida para as proximas semanas que passarei na Inglaterra. Carne, paes (incluindo paes doces), frutos do mar, embutidos e ateh um cafezinho que ai, meu deus do ceu!  

cabecaaaaa!!!

 

paella - ole!

 

e no meio do caminho tem casas de Gaudi

 

Sagrada Familia, projeto de Gaudi

 

as cores do mercado Las Ramblas

   

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Bora baguncar

Amanha, embarco para Barcelona! Eu vim pra Londres com a certeza de que nao voltaria ao Brasil sem conhecer Paris e Barcelona – duas cidades sonhos, cenario de meus filmes favoritos. Depois de um voo cancelado, um medo enorme do visto nao ser aprovado a tempo (mas foi), finalmente vou a Barcelona. Chego lah pra dar o prometido abraco apertado na amiga do coracion, Marmota, baguncarmos e balancar o rabinho juntas; me jogar no jamon serrano e encontrar o Juan Antonio (o Javier Bardem no filme Vicky Cristina Barcelona). 

Pensando bem, o voo anterior deve ter sido cancelado por um bom motivo (estou ficando mistica), porque agora faz calor, eu e Marmota vamos torcer pelo Brasil juntas, e vou reencontrar o Marc e o David, que embora tenham ido ha menos de uma semana deixaram um vazio. Bora torcer pela Espanha com eles. Porque quero mais eh que Brasil e Espanha fiquem em primeiro lugar em seus respectivos grupos (o que tah molezinha pra eles) pra gente soh se encontrar na final.

Prometo fotos.

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Em Londres, ha malas por todos os lados. A cidade parece uma grande estacao de trem. Todo mundo estah chegando e partindo e eu sempre soube que um dia seria eu quem iria me despedir de alguem querido.

Amanha a tarde, David e Marc, meus biscutinhos, meus hermanitos, meus brothers, meus eye candys, meus dois pares de ombros amigo, meus gostosinhos, meus gordinhos, meus housemates espanhois, estao embarcando de volta para Barcelona. Eu estou  escrevendo um post com noh na garganta tentando sem sucesso escolher as palavras que possam representar o que sinto. Elas nao vem em lingua alguma. Preciso descer no quarto deles agora e dizer algo para que eles saibam o quanto importante eles sao para mim,  o quao meu inverno foi caloroso por eles terem me acolhido tao bem, o quanto minha amada Londres volta a ser cinzenta (porque hoje faz calor, mas com ceu cinza). Eu sei que eu so fui muito feliz aqui porque eu pude compartilhar essa felicidade com eles (e as duvidas tambem).

To com um medo danado de nunca mais ver os grandes olhos verdes do Marc e rolar de rir com suas ironias inteligentes, tampouco o sorriso lindo do David e seu jeito hombre e delicado de cuidar de mim. Mas como o David disse isso serah nosso comeco, nao o fim da nossa amizade. Eu quero acreditar nisso. Quero acreditar que o mundo estah cada vez menor, e que ‘mesmo que o tempo e a distancia digam nao’ o nosso carinho nunca vai acabar.  

Davizinho e Marquito, you will stay in my heart forever and ever! I will miss you so much. I can’t imagine our kitchen without you or your lovely spanish room.  See you next week is much better than say goodbye. Suerte siempre!

Ps: Teve uma festa de despedida divertissima e improvisada. Fomos ao pub e voltamos pulando e dancando na rua. Depois, bebendo feito loucos na cozinha. Amo! E tem como nao amar?

marc

david

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Racismo de reacao

Sou branca, de olhos azuis e estou do outro lado do balcao. Agora, sou eu quem limpo o chao, banheiro, sirvo mesa e tudo sorrindo para agradar os clientes. Nao ha problema algum nisso, pelo contrario, tenho muito orgulho de topar qualquer parada e ganhar honestamente o dinheiro para pagar meu aluguel. Nunca achei que trabalhar em escritorio, loja de marca, ou ser hostess me faria alguem melhor do que uma faxineira. Muito menos ter olhos azuis. Nao faco distincao alguma entre as pessoas, tampouco entre os clientes do restaurante. Porem, algumas vezes sou mal tratada, e encaro grosserias e desdem dos clientes. Nao fui a unica a notar que os clientes mais pedantes sao os negros. Jah me avisaram antes, mas eu sempre achava que o outro era racista. Porem, do outro lado do balcao, onde eu sou a criadagem, onde eu estou numa posicao menos favorecida, posso notar que isso eh verdade.

Nao sao todos e detesto generalizacoes. Saberia pontuar diversos negros gentis com quem convivo em Londres e clientes adoraveis. Porem em meio a toda a gentileza (porque a maioria dos meus clientes sao simpaticos e gentis) ha sempre um grupo de negros que continuam a falar no celular enquanto fazem o pedido, nao olham para mim enquanto falam comigo, bufam na minha cara quando eu peco para repetir algo, e sempre reclamam para tirar vantagens, acreditando merecerem algo a mais que os outros clientes. Sem contar homens que fazem cantadas indelicadas – o que nao eh comum por aqui nem mesmo em construcoes.   

Nao acredito que nenhum comportamento esteja relacionado a cor da pele. O que suponho eh que seja uma questao de afirmacao dos negros, a fim de provar superioridade jah que algum dia foram considerados inferiores (infelizmente ainda hoje por alguns). Hoje, aqui em Londres, negros tem poder de compra e por isso sabem que tem voz (eh triste pensar que consumidores tem mais voz que seres humanos, mas desde que o mundo eh mundo eh assim). Garanto que eu nunca agi com racismo, mas parece que eles reagem com grosserias e desdem antes mesmo que eu possa vir a agir de alguma forma desrespeitosa. Nao sei se essas grosserias sao feitas somente aos brancos. Acho provavel que esses clientes sejam pedantes com meus colegas africanos tambem, como se dissessem – agora, eu quero ser ouvido, jah que por muito tempo nunca fui e antes de pedir pra falar eu jah vou logo gritando, para que nao haja duvidas de que voce, que me serve, irah me ouvir e obedecer.

Eh uma pena que seja assim. Tudo vira uma bola de neve. Alguns brancos discriminam os negros, que entao passam a discriminar os brancos e por sua vez, vem a reforcar ainda mais o racismo do branco para o negro, dando aos repugnantes racistas algum argumento para o insesato racismo.

Ps 1: A Inglaterra nunca teve escravos. A imigracao negra eh razoavelmente recente (anos 60) e por isso, o racismo e a reacao ao racismo eh mais clara de ser notada do que no Brasil, onde temos um pais que foi formado desde o inicio por brancos e negros que se misturaram (embora mantenham mais de um seculo depois da escravidao um enorme abismo de oportunidade entre as duas cores de pele).  

Ps2: No restaurante onde trabalho, metade dos gerentes e das hostess sao negros. Na cozinha, estao os europeus e indianos.

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